quinta-feira, 18 de agosto de 2011

 
A CONTRIBUIÇÃO DO PROJOVEM-URBANO X PRESSUPOSTOS FREIREANO: A Formação de uma Nova Consciência do Educador


ELIZETE FERREIRA MORAIS BARBOSA 1
Orientadora: Profª/Dra. Silvia da Costa Stockinger (UFPA)

RESUMO:
O presente artigo tem como objetivo discutir “A Contribuição do Projovem-Urbano na Formação Profissional” do docente do PJU (meta 2009), com base fundamentada em um aporte de um olhar reflexivo do docente em suas práticas pedagógicas embasadas nos pressupostos Freireanos e na formação continuada ofertada para os educadores do PJU ao longo da trajetória do programa. Para a viabilização desse processo, realizou-se um estudo bibliográfico, bem como, uma reflexão sobre a prática pedagógica abordada no PJU do município de Ponta de Pedras/PA embasada nos pressupostos freireanos, na reflexão da contribuição da formação inicial e continuada e também nas práticas pedagógicas cotidianas desenvolvidas. Assim sendo, este artigo está organizado em: Considerações Iniciais; O Programa Projovem Urbano (O que é o Programa; Onde está funcionando; Funcionamento e Público Alvo); Algumas Ações desenvolvidas no PJU com participação nas atividades extra-escolares no município de Ponta de Pedras; A Contribuição do PJU para uma Nova Consciência do Educador a partir dos Pressupostos Freireanos e por fim as considerações finais.


PALAVRAS-CHAVE: Formação Continuada. Prática Pedagógica. Reflexão. Valorização Profissional (social).

1 – Considerações Iniciais
As abordagens sobre formação e profissão docentes apontam para uma revisão e reflexão da prática pedagógica do educador em relação aos saberes profissionais. Assim sendo, considera-se que o docente em sua trajetória profissional e em particular no PJU constrói e reconstrói seus conhecimentos conforme a necessidade e a especificidade de utilização em diversos contextos, como por exemplo, suas experiências cotidianas e pedagógicas e seus percursos formativos e profissionais.
Partindo desse pressuposto o objetivo do referido artigo é apresentar uma análise reflexiva sobre “A Contribuição do Projovem-Urbano na Formação Profissional” do docente do PJU (meta 2009), com base fundamentada em um aporte de um olhar reflexivo do docente em suas práticas pedagógicas embasadas nos pressupostos Freireanos e na formação continuada ofertada para os educadores do PJU ao longo da trajetória do programa. Vale enfatizar que tal formação continuada teve como principal marco teórico os pressupostos freireano e suas reflexões pedagógicas as quais são de suma importância para a praxe pedagógica, uma vez que embasam teoricamente as ações diárias dos educadores e que também através delas o educador pode refletir sobre suas ações e se sente motivado em melhorar cada vez mais sua prática docente além da contribuição de outros teóricos.
Uma situação bastante inovadora (diferente) é a proposta do PJU que exigiu inúmeras mudanças na atuação dos educadores em sala de aula. Em geral foram tantas “novidades”, principalmente no que se refere ao trabalho coletivo e interdisciplinar, pois muitas vezes nos estabelecimentos de ensino regular cada profissional trabalhar de forma individual e específica com seus conteúdos da grade curricular sem buscar intercâmbio com outras disciplinas e profissionais de outras áreas, pois não há interação curricular, já no PJU há uma grande interação entre os educadores sobre as tarefas e as ações com base em objetivo maior que é ajudar os educandos a aprimorar seus conhecimentos tanto no contexto educacional quanto no contexto social, pois há um grande empenho em integrar os alunos nos espaços de inserção social, visto que essa clientela por já pertencer à margem social fica cada vez mais excluída dos espaços sociais.
Partindo do pressuposto de que a educação como sinônimo de escolaridade é fundamental, não apenas como forma de inclusão e transformação social, é que a história da educação de jovens e adultos no Brasil tem como principal referência o educador Paulo Freire. Com ele surgiu um novo paradigma do fazer pedagógico, um novo entendimento da relação entre a problemática educacional e a problemática social.
Mais do que um novo paradigma pedagógico, surgiu também uma nova concepção de educação. Uma educação com nova ética e valores sociais, a qual permite que o cidadão se autoperceba, não como um ser neutro inerte, mas como alguém que é capaz de interagir em seu meio social, isto é, um ser apto a refletir, agir e transformar sua realidade.
A educação por sua vez passa a ter a nova ressignificação, isto é, a educação passa a ter novo sentido para o ser humano, porque o mundo não é necessariamente isso ou aquilo, porque os seres humanos são tão projetos quanto podem ter projetos para o mundo. A educação tem sentido porque mulheres e homens aprenderam que é aprendendo que se fazem e se refazem, porque mulheres e homens se puderam assumir como seres capazes de saber, de saber que sabem, de saber que não sabem. De saber melhor o que já sabem, saber que não sabem. A educação tem sentido porque, para serem, mulheres e homens precisam estar sendo. Se mulheres e homens simplesmente fossem não haveria porque falar em educação (FREIRE, 2000, P. 40).
Nessa nova abordagem a educação passa a ter novo sentido ao ser humano. O que por sua vez, o PJU busca valorizar e oportunizar os jovens que, por algum motivo não concluíram o ensino fundamental, ofertando a esse cidadão, que de certa forma foram excluídos pelo sistema tradicional de ensino, uma proposta diferenciada de educação.
Portanto espera-se que esse tipo de educação ofertada pelo PJU possibilite que os educandos e educadores desenvolvam competências para avaliar e discernir situações vivenciadas e que a partir delas possam fazer as escolhas que lhes permitam uma vida mais justa, digna e igualitária em sociedade.
2 – O Programa Projovem Urbano
2.1 - O que é o Programa Público Alvo, Onde está funcionando.
A criação do Programa Nacional de Inclusão de Jovens - Projovem Urbano foi criado como ação integrante da Política Nacional de Juventude lançada pelo governo federal em 2005, tem como objetivo promover a inclusão social e também ofertar aos jovens, Educação, Qualificação Profissional e Ação Comunitária, ou seja, a finalidade é elevar o grau de escolaridade visando ao desenvolvimento humano, o exercício da cidadania através da conclusão do ensino fundamental e a oferta da qualificação profissional e do desenvolvimento de experiências de participação cidadã.
O PJU também se caracteriza por apresentar:
ü Propostas inovadoras de gestão intersetorial e de implantação de regime de cooperação (Estados, municípios e DF);
ü Projeto Pedagógico Integrado (PPI) – Novo paradigma de educação (Ed. Básica, qualificação profissional e participação cidadã);
ü Materiais pedagógicos especialmente elaborados para atender as características do programa (guias, manuais, e vídeos ofertados a cada segmento do programa, como por exemplo, educadores, gestores e instituições de formação de educadores).
Em âmbito geral o PJU caracteriza-se também por apresentar aspectos diferenciados dos sistemas regulares de ensino que aprimora, amplia e promove o ensino-aprendizado, como, por exemplo:
ü Trata a inclusão social no contexto do desenvolvimento humano e dos direitos de cidadania, isto é, o jovem é visto como sujeito de direitos é valorizado em suas expressões culturais, seus saberes, suas emoções, sensibilidades, sociabilidade, ações éticas e estéticas, uma vez que compreende a juventude e propõe interação sócio-educacionais e multiculturais, facilitando assim o aprendizado mútuo.  
ü Desenvolve um currículo integrado, interdisciplinar e interdimensional, em que o jovem atue como sujeito construtor de um todo que faça sentido para ele.
ü Propõe novas formas de organização do trabalho escolar, envolvendo diferentes instâncias da administração pública e da sociedade desenvolvimento do currículo integrado evitando que o programa se descentralize e perca o sentido.
ü Defini estratégias de atuação na sala de aula com vistas a integrar as três dimensões do currículo (Ed. Básica, Qualificação Profissional e Participação Cidadã), além da construção do currículo real (praxes diárias, pois é na sala de aula que as propostas pedagógicas se concretizam ou não). E por último, conta com a formação inicial e continuada dos educadores, ofertando a eles formação capaz de responder aos desafios que se apresentem durante a execução do PJU. Vale enfatizar que tal formação possibilita aos educadores competências e capacidade para planejar e agir cooperativamente mediante as caricatas do aluno enquanto ser humano.
Assim sendo, o educador do PJU além de ser especialista em sua disciplina desempenha dois papéis distintos, mas inseparáveis, pois todo educador é especialista em sua área de conhecimento e orientador da aprendizagem, ou seja, essa ação é vista como elemento propulsor na construção da autonomia intelectual do aluno enquanto sujeito de uma visão mais ampla do processo educacional.
2.2 – Funcionamento e Público Alvo
O programa Projovem-Urbano meta 2009 foi ofertado ao município de Ponta de Pedras, com o objetivo de atender aos jovens na faixa-etária de 18 a 29 anos de idade nas escolas estaduais Aureliana Monteiro e Ester Mouta. Sua relevância e contribuição na formação cidadã, educacional, pedagógica, profissional e social da juventude foram fundamentais na atuação da inclusão social dos jovens e adultos do referido município.





Foto: 01 - Jovens assistindo palestra
Desse modo, vale enfatizar que o trabalho organiza-se de acordo com as dimensões do currículo pedagógico, com os seguintes componentes curriculares: Educação básica (Ciências Humanas; Língua Portuguesa; Inglês, Matemática; Ciências da Natureza), Qualificação profissional e Participação Cidadã.
Os componentes curriculares são compostos por “temas integradores, eixos estruturantes e sub-temas”, além de contar com outras atividades desenvolvidas nas ações extra-escolares.
Enfatiza-se que para ação do programa, abordaram-se alguns conceitos metodológicos como forma de trabalhar também a estima dos educandos, como por exemplo, inclusão e valorização social, inovação, conhecimentos, oportunidade e principalmente reconstrução social. Pois o fazer pedagógico já é exposto por Piaget quando em sua teoria já menciona “à medida que o aluno é capaz de se movimentar mais espontaneamente no plano de ação, vai interiorizando progressivamente operações desenvolvidas, ao mesmo tempo em que vai tomando consciência de suas interações.” (SALDANHA, 1979), ou seja, à medida que os indivíduos sentem satisfação pelo sucesso alcançado nas atividades que desempenham, envolvem-se muito mais no processo ensino-aprendizagem, e ao ser levado em consideração às diferenças individuais como habilidades, aptidões e motivações, estarão sendo criadas as condições diversificadas de aprendizagem, que são fatores fundamentais no processo da instrução a qual tem ritmo próprio, assimilado continuamente na praticidade diária de nossos alunos do Projovem-Urbano.
Como ponto de partida em relação à abordagem do fazer pedagógico no PJU é imprescindível que se apresentem algumas concepções que fundamentam essa proposta e que, por sua importância, serão retomados ao longo de todo o processo de ensino-aprendizagem. São pressupostos que devem estar presentes em todas as reflexões atualmente desenvolvidas em torno da aprendizagem e do ensino, orientando o trabalho docente na escolha de procedimentos e formas de avaliar esse processo como:
a)      A língua e ensino da língua;
b)       A alfabetização;
c)       O letramento e o ensino da língua escrita;
d)     A leitura;
  Entende-se que a língua é um sistema que tem como foco principal a interação verbal (feedback), que se faz através de textos ou discursos, falados ou escritos, ou seja, significa que esse sistema depende da interlocução (inter + locução=ação lingüística entre sujeitos).
Partindo dessa concepção, uma proposta de ensino de língua deve valorizar o uso da língua em diferentes circunstâncias ou contextos sociais, com sua diversidade de funções sua variedade de estilos e modos de falar. Significa dizer que para estar de acordo com essa concepção, é importante que o trabalho em sala de aula organize-se em torno do uso e que privilegie a reflexão dos educandos sobre as diferentes possibilidades de emprego da língua.
Certamente isso implica na rejeição de uma tradição de ensino apenas transmissiva, isto é, preocupada em oferecer ao alunado apenas conceitos prontos, que ele só tem que memorizar, e de uma perspectiva de aprendizagem centrada em automatismos e reproduções mecânicas. Por isso é que um adequado método para o ensino de línguas deve prever não só o desenvolvimento de capacidades necessárias às práticas de leitura e escrita, mas também da fala e audição compreensiva em situações públicas, por exemplo, a própria aula é uma situação de uso público da língua.
 O conceito de alfabetização atualmente não está associado apenas à idéia de “tecnologia da escrita”, que quer dizer, do sistema alfabético de escrita, o que em linhas gerais, significa na leitura, a capacidade de decodificar os sons gráficos, transformando-os em “sons”, e, na escrita, a capacidade de codificar os sons da fala, transformando-os em sinais gráficos, mas sim na capacidade de interpretar, compreender, criticar, ressignificar e produzir conhecimentos. Todas essas capacidades citada anteriormente só serão concretizadas se os alunos tiverem acesso a vários tipos de textos. O alunado precisa encontrar os usos sociais da leitura e da escrita.
Desse modo, a alfabetização envolve também o desenvolvimento de novas formas de compreensão e uso da linguagem de uma maneira geral, pois a alfabetização de um indivíduo promove sua socialização, já que possibilita o estabelecimento de novos tipos de trocas simbólicas com outros indivíduos, acesso a bens culturais e também o ajuda na inserção das instituições sociais, uma vez que a alfabetização é um fator propulsor do exercício consciente da cidadania e do desenvolvimento da sociedade como um todo.
Nesse sentido, o processo educativo do PJU vem a cada dia se deslanchando e aprimorando suas atividades pedagógicas, o que por sua vez, são abordadas através de metodologias inovadoras e principalmente contextualizadas, as quais tornam as aulas mais dinâmicas e prazerosas, criando assim uma relação de socialização entre o universo da sala de aula, suas ações e o mundo exterior.
Diante o exposto, vale ressaltar que a interação com a vida prática e contextualizada, de certa forma, contribui para o desenvolvimento intelectual e criativo dos educandos, uma vez que a educação é a ponte mediadora que torna possível a reciprocidade entre indivíduo e sociedade, pois contextualizar e problematizar situações do cotidiano permite ao educador compreender de maneira significativa as reais abordagens que perpassam no processo de ensino-aprendizagem.
A partir dos objetivos a serem lançados no PJU, abordam-se outros como, por exemplo, promover a interação dos alunos por meio das atividades realizadas em grupos de trabalho; despertar prática da oralidade ao incentivar exposição de idéias, trabalhando com as dinâmicas de grupo e também formar cidadãos críticos-reflexivos, capazes de intervir na realidade social. Além de participarem das ações desenvolvidas pelos núcleos locais.
2.3 – Algumas Ações desenvolvidas no PJU com participação nas atividades extra-escolares no município de Ponta de Pedras
ü  Ciclos de palestra da Secretaria Estadual de Meio Ambiente - SEMA sobre Educação Ambiental;
ü  Palestra sobre extrativismo EMATER / PA;
ü  Oficina pedagógica sobre gravidez na adolescência;
ü  Ação preventiva no período carnavalesco;
ü  Ação preventiva contra as drogas;
ü  Mostra jovem PJU, etc.;
 
Foto: 03 – Professores e alunos
Campanha de prevenção sobre DST

 3 – A Contribuição
Foto: 02 – Professores e alunos em ação Preventiva



3 – A Contribuição do PJU para uma Nova Consciência do Educador a partir dos Pressupostos Freireanos.
Na proposta pedagógica do PJU a aprendizagem é abordada como construção ativa do aluno na interação com os educadores e demais pessoas envolvidas no contexto educacional e em espaços de inserção, por exemplo, dessa forma pressupõe uma nova perspectiva de cooperação interdisciplinar, voltada para o desenvolvimento de saberes e competências dos jovens, articulando, mobilizando e colocando em ação seus conhecimentos, habilidades e valores de solidariedade e cooperação, para responder aos constantes desafios do cotidiano e de sua vida cidadã e do mundo do trabalho, pois o Projovem-Urbano também enfatiza o desenvolvimento da subjetividade do jovem e de sua capacidade de pensar e agir com autonomia, obviamente, o educador tem a tarefa de incorporar esses novos interlocutores ao seu processo identitário, investindo também no desenvolvimento de sua própria autonomia.
Todo processo de ensinar-aprender e aprender-ensinar requer de seus atores uma postura ética, crítica, reflexiva e compromissada com práticas sociais que busquem problematizar questões da realidade sociocultural no sentido de construir nestes sujeitos condições concretas de transformação de seus contextos, tendo na educação, por meio da inter-relação indivíduo-sociedade (OLIVEIRA, 2002.)
Desse modo, a formação inicial e continuada busca proporcionar aos educadores a apropriação dos princípios, pressupostos e metodologias do programa bem como dar orientações e motivações para o educador como sujeitos protagonistas da ação e valorizando suas experiências pessoais e seus saberes da prática pedagógica, pois a formação continuada, por sua vez, deve permitir que o educador, a partir de seus próprios conhecimentos, reflita sobre sua prática pedagógica e revendo-a no processo do curso e atribuindo-lhe os novos significados da proposta pedagógica do Projovem-Urbano. Assim, ele amplia a compreensão das mudanças necessárias. Nas atividades destinadas à formação continuada, as quais se predominam em momentos coletivos de discussão e de encaminhamento de problemas além de questões do cotidiano da sala de aula, especialmente quanto à aprendizagem.
Observa-se a abordagem a seguir:
O ser humano aprende a ser humano aprendendo as significações que os outros humanos dão à vida, a terra, ao amor, à opressão e à libertação (...), (FREIRE, 2001, p. 267)
Diante disso, vale enfatizar que para superar os desafios que se apresenta durante o desenvolvimento do Projovem-Urbano, o educador deve ter competência para planejar e agir cooperativamente, além de desenvolver a capacidade de considerar as diferentes “facetas” do aluno como ser humano. Para isso, o educador exerce dois papéis distintos, mas inseparáveis no Projovem-Urbano, pois o P O (professor-orientador) é especialista em sua área de conhecimento e também orientador da aprendizagem, vista como elemento de construção da autonomia intelectual do aluno/sujeito e de uma visão mais ampla do processo educacional.
A educação passa a ter sentido para o ser humano porque o seu existir é um aprimoramento do cotidiano, ou seja, é a construção do seu projeto de vida, pois a educação faz parte da existência humana.
Sobre isso verifique-se a abordagem:
A educação tem sentido porque o mundo não é necessariamente isto ou aquilo, porque os seres humanos são tão projetos quanto podem ter projetos para o mundo. A educação tem sentido porque mulheres e homens aprenderam que é aprendendo que se fazem e se refazem, porque mulheres e homens se puderam assumir como seres capazes de saber, de saber que sabem, de saber que não sabem. A educação tem sentido porque, para serem, mulheres e homens simplesmente fossem não haveria porque falar em educação (FREIRE, 2000, p. 40).
As abordagens pedagógicas no PJU partem de experiências inovadoras as quais se caracterizam que o objeto de estudo do educador deve ser o processo ensino-aprendizagem, o desenvolvimento cognitivo, emocional e psíquico do educando, uma vez que nós professores não podemos parar de estudar, pois tudo aquilo que pode auxiliar nosso aluno a aprender deve ser objeto de nossa especial atenção na qual encanta-se a imaginação e leva-se a acreditar ainda mais na transformação do ser humano pela aprendizagem.
A prática docente crítica, implica no pensar certo, envolve o movimento dinâmico, dialético, entre o fazer e o pensar sobre o fazer.

Por isso é que na formação permanente dos professores, o momento dinâmico, dialético, entre o fazer e o pensar sobre o fazer. (FREIRE, 2001 p. 42 - 43)
A política de inclusão, na rede regular de ensino, dos alunos que apresentam necessidades educacionais especiais, não consiste somente na permanência física desses alunos na escola; mas no propósito de rever concepções e paradigmas, respeitando e valorizando a diversidade desses alunos, exigindo assim, que a escola crie espaços inclusivos. Dessa forma, a inclusão significa que não é o aluno que se molda ou se adapta à escola, mas a escola consciente de sua função que se coloca a disposição do aluno.
Segundo Oliveira:
O adulto, no âmbito da educação de jovens e adultos, não é o estudante universitário, o profissional qualificado que freqüenta cursos de formação continuada ou especialização (...). Ele é geralmente o emigrante que chega as metrópoles proveniente de áreas rurais empobrecidas, filho de trabalhadores rurais não qualificados e com baixo nível de instrução escolar (muito freqüentemente analfabetos), ele próprio com uma passagem curta e não sistemática pela escola e trabalhando em ocupações urbanas não qualificados, após experiência no trabalho rural na infância e na adolescência, que busca a escola tardiamente para alfabetizar-se ou cursar algumas séries do ensino supletivo (1999, p. 59).
A educação inclusiva deve reconhecer e responder às diversas dificuldades dos sujeitos envolvidos, acomodando os diferentes estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade para todos mediante currículos apropriados, modificações organizacionais, estratégias de ensino, recursos e parcerias com a comunidade. A inclusão, na perspectiva de um ensino de qualidade para todos, desse modo no PJU construiu-se novos posicionamentos que implicam num esforço de atualização e reestruturação das condições atuais, para que o ensino se modernize e para que os professores se aperfeiçoem, adequando as ações pedagógicas à diversidade dos aprendizes.
Deste modo, pode-se dizer que a educação inclusiva é aquela que acomoda todos os sujeitos independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais ou lingüísticas. Seu principal desafio é desenvolver uma pedagogia centrada no educando, e que o PO (professor-orientador) seja capaz de educar e incluir além dos alunos que apresentem necessidades educacionais especiais, aqueles que apresentam dificuldades temporárias ou permanentes durante o deslanchar do programa, os que estejam repetindo estudos complementares, os que sejam forçados a trabalhar, os que vivem nas ruas, os que vivem em extrema pobreza, os que são vítimas de abusos e até mesmo os que apresentam altas habilidades como a superdotação, uma vez que a inclusão não se aplica apenas aos alunos que apresentam alguma deficiência.
 Acredita-se que para ensinar, é necessário organizar um conjunto de situações que permitam ao aluno reutilizar várias vezes em diferentes contextos os mesmos conhecimentos por essa razão é que os pressupostos teórico-metodológicos freireano mais enfáticos são: Oralidade; diálogo; questionamentos; criticidade; práxis pedagógicas; respeito às diferenças individuais e diversidades culturais; valorização dos saberes e contexto cultural dos educandos dentre outros, pois deve-se valorizar os saberes científicos e os saberes culturais para se abordar nas práticas educativas.
Para incluir o PJU primeiramente, acredita-se que no princípio toda sua clientela pode aprender e que todos devem ter acesso igualitário a um currículo básico, diversificado e uma educação de qualidade. As adaptações curriculares constituem as possibilidades educacionais de atuar frente às dificuldades de aprendizagem dos alunos e têm como objetivo subsidiar a ação dos professores. Constituem num conjunto de modificações que se realizam nos objetivos, conteúdos, critérios, procedimentos de avaliações, atividades e metodologias para atender as diferenças individuais dos alunos, “é preciso olhar para o cotidiano da educação na infância e contextualizar a realidade de cada espaço, e refletir sobre as ações e as teorias que a estão fundamentando. É nesse movimento que se ressignificam fazeres e constroem-se práticas com intencionalidades que revelam mudanças na postura dos educadores” (Emília Cipriano, revista aprendizagem, 20/ 09. p. 9).



Foto: 04 – Professores discutindo sobre as ações na formação inicial- IESP/Marituba 2009.


Assim sendo, é preciso resolver problemas, trocar idéias, métodos, técnicas e atividades integradoras, com a finalidade de ajudar não somente aos alunos, mas aos professores para que possam ser bem sucedidos em seus papéis.
Quero aqui compartilhar uma história real e emocionante. No dia 27/08/2009, houve um seminário sobre Meio Ambiente e cada PO deveria informar o nome de um aluno para representar a turma, houve uma votação para escolha. Nesse dia aconteceu algo surpreendente com um aluno, um jovem que era muito esforçado e dedicado com os estudos e ver no Projovem não apenas a oportunidade de concluir o ensino fundamental, mas a possibilidade de conquistar uma vida um pouco mais digna.
No término da aula o aluno veio agradecer-me a confiança que havia sido depositado em sua pessoa ao representar a turma durante a cerimônia de certificação. Ele estava tão emocionado ao agradecer-me que as lágrimas teimavam em brotar, os lábios tremiam, acho que era de emoção, felicidade, eu também me emocionei ao perceber o motivo de tanta satisfação, “histeria emocional”. Logo então, pude compreender a real mudança já causada em nossos alunos do PJU em apenas quatro meses de trabalho com esses jovens, já se consegue notar que mudaram um pouco seus estilos de vida, certamente para melhor, não apenas o aprimoramento na leitura e na escrita, mas em vários outros aspectos, ou seja, a auto-reflexão como, por exemplo, os valores de pessoas que são capazes de transformar suas vidas para melhor, e porque não dizer seu estilo de vida em busca de algo promissor, como alguém que encontrou no Projovem uma segunda chance ou grande oportunidade e que se jogou de cabeça, e a agarrou com “luvas de aço” para não escapar-lhe das mãos.
A partir da narrativa acima exposta, é possível dizer que para Freire, a reflexão é o movimento realizado entre o fazer e o pensar, entre o pensar e o fazer, ou seja, no “pensar para fazê-lo e no pensar sobre o fazer”. Nessa abordagem, a reflexão surge da curiosidade sobre a participação discente.
Quando a prática é tomada como curiosidade, então essa prática vai despertar horizontes de possibilidades. (...) Esse procedimento faz com que a prática se dê a uma reflexão e critica. (FREIRE, 1993, p. 40)
O que se precisa é possibilitar, que voltando-se sobre si mesma, através da reflexão sobre a prática, a curiosidade ingênua, percebendo-se como tal se vá tornando critica. (FREIRE, 2001, p. 43).
A realização das ações pedagógicas inclusivas requer uma percepção do processo de ensino como um todo unificado para agregar valores na atuação os educadores demonstraram-se dispostos a romper com paradigmas e manterem-se em constantes mudanças educacionais progressivas criando situações inclusivas e de qualidades durante o processo de ensino aprendizagem do PJU.
Para Brandão (1984, p. 67 e 68) a educação popular se constitui em uma nova teoria, (...) não apenas de educação, mas das relações que, considerando-as a partir da cultura, estabelecem novas articulações entre a sua prática e um trabalho político progressivamente popular de trocas entre o homem e a sociedade, e de condições de transformação das estruturas opressoras desta (sociedade) pelo trabalho libertador daqueles (cidadão).
Essas estratégias para a ação pedagógica nos espaços de inserção no cotidiano inclusivo são necessárias para que responda não somente aos alunos que neles buscam saberes, mas aos desafios que são atribuídos no cumprimento da função formativa e de inclusão, num processo democrático, reconhecendo e valorizando a diversidade, como um elemento enriquecedor do processo de ensino e aprendizagem. Portanto, incluir e garantir uma educação de qualidade para todos os alunos é uma questão de justiça e equidade social. A inclusão implica na reformulação de políticas educacionais e de implementação de projetos educacionais inclusivo, sendo o maior desafio estender a inclusão a uma nova oferta do PJU em nosso município, facilitando incluir todos os indivíduos em uma sociedade na qual a diversidade está se tornando mais norma do que exceção.
Por isso os criadores do PJU refletiram sobre a formação dos educadores, uma vez que ela não é para preparar alguém apenas para a diversidade, mas para a inclusão; porque a inclusão não traz respostas prontas, não é uma “multi” habilitação para atender a todas as dificuldades possíveis na sala de aula, mas uma formação na qual o educador olhará seu aluno de outro modo, tendo assim acesso as peculiaridades dele, entendendo e buscando o apoio necessário. Pois cabe refletirmos sobre que é ser igual ou diferente, uma vez que ao olhar-se em nossa volta, percebe-se que não existe ninguém igual, na natureza, no pensamento, nos comportamentos e/ou ações, e que as diferenças não são sinônimas de incapacidades ou doenças, mas de equidade humana.
4 – Considerações Finais
Enfatiza-se também, que além de ser uma oportunidade para os jovens, assim também é para os educadores, uma vez que estão todo mês participando de formação continuada, ministrada pelos melhores professores das universidades UEPA, UFPA, estão cada vez mais se qualificando e construindo assim novos saberes, saberes esses que agregam valores e experiências tanto em suas formações acadêmicas, quanto em suas práticas docentes.
Nessas abordagens percebeu-se que todas as ações serviram para levantar a auto-estima do jovem, e para os educadores, pois as oportunidades boas surgem quando se tem qualificação, pois com reestruturação do trabalho há uma necessidade de profissionais preparados. Por isso tenta-se trabalhar, na qualificação, para estimular a conscientização de que eles próprios deverão fazer concretizar seus anseios, e que o PJU foi apenas o primeiro passo para que essas mudanças aconteçam.
Este trabalho tem objetivo e perspectivas, rumo a um futuro promissor, um futuro com um pouco mais de conhecimentos e acima de tudo, novas habilidades, o que significa dizer que, além do alunado sair com um certificado de conclusão do ensino fundamental, ainda receberá um certificado de um curso de aperfeiçoamento em um dos arcos ocupacionais escolhidos e que os educadores alem de receber a formação inicial e continuada, também tem a oportunidade de sair com titulo de especialista em educação Social para Juventude, além de adquirir mais conhecimentos sobre formação de professores.
Diante disso, vale enfatizar que ainda há carência por uma educação voltada também para o desenvolvimento sustentável, pois que por sua vez o PJU, busca contemplar os jovens com sua proposta diferenciada de educação, com intenção de uma educação pela busca da qualidade socialmente inovadora e democrática.
Portanto, a ação do Projovem-Urbano agrega sonhos, lutas e esperanças em uma prática educativa fomentada por desafios cotidianos, isto é, por uma trajetória educacional contagiada pela descoberta, da reconstrução da mudança. Pelas disputas salutares na construção participativa e pelo reconhecimento das diferenças e valorização do outro, onde todos os sujeitos envolvidos se constituam protagonistas nas ações propositivas e qualificadoras rumo a um futuro melhor.







5 – Bibliografia
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A educação como cultura. Campinas/SP: Mercado das Letras, 2002.
CIPRIANO, Emília. In: Revista aprendizagem – a revista da prática pedagógica, Ano 3, nº 12 – maio/junho 2009. p. 9.
FREIRE, Paulo. Pedagogia dos sonhos possíveis. São Paulo: UNESP, 2001. Política de Educação Básica do Estado do Pará – Secretaria de Estado de Educação, Belém, 2008.v 3.
OLIVEIRA, Marta Kohl. Jovens e adultos como sujeitos de conhecimento e aprendizagem. In Revista Brasileira de Educação. Nº 12. Set., 1999. 
SILVA JUNIOR, C. A. S. Formação Cultural de Professores: construindo um novo campo na formação inicial de professores. In: VIII Seminário de Políticas Educacionais e Currículo: Ética e Regulação no Currículo e nas Políticas Educacionais, 2009, Belém/PA: PPGEP-UFPA/ WWW.belemvirtual.com.br, 2009. V.1 p.1 – 14.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

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Avanços tecnológicos-video yotube

Os avanços tecnológicos estão cada vez mais contribuindo para o aprimoramento da educação em todos os seus aspectos, pois torna-se imprescindível abordar o ensino aprendizagem sem fazer uso desses recursos.

WEB 2.0

A WEB2.0 pt.wikipedia.org/wiki/Web_2.0
 surgiu para auxiliar no processo de ensino aprendizagem na área de Tecnologia Educativa midiasnaeducacao-joanirse.blogspot.com/.../tecnologia-edu . Atualmente ainda muito se discute sobre o conceito exato de web2.0, no entanto ainda há muito a se chegar ao conceito final, pois é uma área que se expande de maneira avassaladora, mas o legal de tudo é que serve para axiliar-nos em várias tarefas educativas.
 

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quarta-feira, 6 de julho de 2011

SABIÁ DE MARITUBA

O sabiá de Marituba pt.wikipedia.org/wiki/Marituba
Teu canto ao amanhecer, estridente, envolvente, descontente.
Teu canto dolente, latente, eu longe de casa.
Estou em ti, estais em mim.
Teu canto, meu canto... Pranto.

Meu coração chora amargamente a saudade... Solidão...
Teu coração chora amargamente... Prisão...
Nossos cantos se fundem, confundem
És sábio sabiá... Canta.

Há quem aprecie teu canto
 Que com tanto encanto, desfaz o pranto.
Que a saudade é o pior castigo...
 Mas é a esperança do reencontro feliz aos braços de quem se ama.

Oh! Sabiá www.saudeanimal.com.br/sabia.htm... Sabiá... Um dia estarei lá...
Mas tu estarás cá...
Sempre a cantar sem nada cobrar...
Eternamente amigos... Sabiá pt.wikipedia.org/wiki/
Elizete Morais   
Pseudônimo: Lira Pontaprense