O Tajá da Itaguary
A casa era simples e pouco cheia de conforto, coberta com palhas, paredes de Meriti e madeira rústica e pouca mobília. O quintal um oásis, terra fértil, açaizal, muita plantação, olhou em volta..., uma lamparina acesa no meio da sala..., um pálido círculo de luz iluminava a casa.
Ele entrou e parou no corredor.
-Que noite!
Amarrou uma rede na cozinha... não trouxera lençol.
Olhou no relógio eram quase meia noite, deitou, rezou, mas o cansaço era intenso, logo adormeceu.
Ela balançou brandamente a beira da rede.
-Meu querido você está com frio? Trouxe um cobertor... João mas que depressa arqueou os olhos, não esperava encontrá-la àquela hora, agradeceu e novamente dormiu.
Celinha voltou para o quarto e também voltou a dormir. Seguiram-se apressados os ponteiros do relógio, e em tantos tic- tac tocou meia noite.
Ao longe ouviu-se o relinchar de um cavalo, João espantou-se com o barulho, respirou fundo... cobriu-se.
Pluft! Bláaa...! Lá no canto da parede. Latidos dos cães, os gemidos de João fizeram com que todos acordassem assustados.
-João que houve? O que foi?
Não sabia explicar o que acontecera, porque nem se quer a escápula da rede havia quebrado, só sabia que tinha caído e que tinha visto e ouvido algo horripilante.
Ao amanhecer João achava tudo aquilo sinistro, mas ninguém comentou nada sobre o que acontecera. Uma velinha que por ali passou, perguntou a João se estava tudo bem, ele apenas respondeu que sim. Todos os membros da casa sentaram-se a mesa para o desjejum, mas João ainda continuava a achar que tudo o que aconteceu era sinistro demais.
Ele apoiou os cotovelos na mesa e ficou olhando para Celinha. Seu rosto era tão meigo e encantador que João sentia-se cada vez mais atraído para beijá-la. A velinha entrou na sala e o casal fitou a por um longo tempo.
Tomou as mãos de celinha, segurou a com certo impulso entre as suas, lançou um olhar ansioso... Com um forte suspiro... Confessou-lhe que a amava muito.
No anoitecer João ficou a observar as estrelas, sua amada já adormecera a lamparina acesa, a penumbra noturna, tudo deserto. Adormece ao relento, debruça a cabeça em um robusto e viçoso pé de tajá. Suas folhas vermelhas nas bordas e verdes mais claros, ao centro, caule escuro.
Aos seus ouvidos um som familiar... Um relinchar... latidos gemidos, o pesadelo de novo, ouviu uma voz rouca que dizia-lhe:
-São pode se casar com essa jovem, ela não lhe pertence, você precisa esquecê-la, ou se arrependerá amargamente.
Atônito, João não sabia o que fazer, queria uma explicação lógica, convincente, não sabia como resolver tal situação. Olhou em volta e avistou um rapaz másculo, e muito forte, mas parecia um lutador de boxe.
João dirigiu-se ao desconhecido e perguntou o que fazes aqui? Quem é você? Que desejas de mim?
Em meio a tantas indagações de súbito o inesperado: _Sou noivo de Celinha, estamos prometidos um para o outro desde quando éramos criança de três anos de idade. Aos nove anos quando brincávamos nesta rua, apanhei uma rosa no jardim alheio e uma senhora bem velinha me transformou neste pé de tajá. Em estado de total histeria e bastante assustado, João despertou, olhou tudo em volta e não viu absolutamente nada, a não ser as estrelas lá no alto do céu a iluminá-lo, tudo não passou de um sonho.
Elizete Morais
Pseudônimo (Lira Pontapedrense).
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